Localizado no sul da Bahia, mais precisamente na região denominada Costa do Dendê, o município de Maraú se originou de um povoado fundado em 1705, por frades capuchinhos italianos, que instalaram-se na aldeia indígena chamada Mayra-hú. ‘Mayra’, significa uma determinada e bela pessoa ou lugar, e ‘hú’, morena, provelmente fazendo alusão a beleza da baía de aguas escuras. Não se sabe a época do desaparecimento da tribo e nem a que ramo indígena pertencia.
O distrito de Mayra-hú foi criado em 1717 e a capela construída pelos frades, foi elevada, no mesmo ano, a categoria de freguesia, pelo arcebispo Dom Sebastião Monteiro da Vide, com o nome de São Sebastião de Mayra-hú. Em 1761 passou a Vila de Maraú e, em 30/03/1938, foi elevada à categoria de cidade.
Maraú tem histórias, como a concorrência vencida pelo “Reino Unido da Inglaterra”, nos anos de 1860 a 1864, para instalação de uma usina de destilação de querosene, extraído da nafta da turfa e também para extração de xisto betuminoso. Construída às margens do rio Maraú, a população da região deu o nome à “usina de John Grant”, mas a dificuldade de pronúncia, fez que fosse “abrasileirado” para “João Branco”.
Considerada a primeira indústria da América Latina, com todos os requintes de uma grande refinaria, custou a Coroa Inglesa 600 mil libras esterlinas, empregou cerca de 500 funcionários e possuía uma estrada de ferro por onde trafegavam duas locomotivas. Produzia além de querosene, sabão, ácido sulfúrico e papel encerado para acondicionar alimentos.
Conta a história, que a usina fechou suas portas devido a uma greve com ocorrência de vários crimes, inclusive envolvendo Mister Grant, que mesmo tendo sido absolvido em seu julgamento, preferiu se retirar da Bahia. Outra versão, contada pelo escritor Maurício Vaitsman no livro “O Petróleo no Império da República”, fala do fracasso “político social” do empreendimento. Hoje na localidade ainda chamada “João Branco” encontram-se ruínas da Usina e dos trilhos da ferrovia.
Devido a uma formação geográfica privilegiada e um rico eco-sistema, a Península de Maraú com seus 40km de litoral, situa-se entre o Oceano Atlântico e a Baía de Camamú (terceira maior baía do Brasil). Rios, manguezais, cachoeiras e lagoas que fazem parte da “Área de Proteção Ambiental – APA Maraú”. O município revela um enorme potencial para exploração do turismo ecológico, que vem sendo trabalhado de forma ordenada, para que possamos usufruir dele sem que tenhamos um dia deixa-lo, como fez o “Sr. João Branco”.